Eu sou uma pessoa que gosta de reclamar. Até aqui sou como qualquer outro português. Qualquer português gosta de reclamar. O que me difere penso que da maioria dos portugueses é que eu procuro informação para conhecer o assunto sobre o qual reclamo, debato ou contesto, como preferirem. Não reclamo por reclamar. Não reclamo porque é “cool” e toda a gente o faz. Reclamo quando, depois de obter informação sobre o assunto, formei uma opinião e estou convicto de que estou correcto.
Se estou sempre certo? Não, claro que não. Acho que o único que “nunca se engana e raramente” tem “dúvidas” é mesmo o Professor Cavaco Silva. Não sou perfeito nem ambiciono ser, pois sei que é utópico. Apenas não tento ser mais um que vai para o que outros chamam “a luta”, sem saber porque vai para lá, porque é que a chamada “luta” existe, quem a organiza, que motivação leva aquela organização a edificar “a luta”, etc.
Fundamento as minhas reclamações. Ou com uma argumentação consistente. Ou com uma argumentação consistente e exemplos e/ou documentos que sustentem a argumentação. Não vou lá “porque sim”, ou “porque isto está mal” (e quando perguntam “porque é que está mal” respondem com a primeira: “porque sim” ou, a mais ridícula justificação [porque não justifica nada] “porque os políticos são todos uns gatunos”). E quando chego à conclusão que não tenho razão, quando alguém reconhecidamente me faz ver que formulei mal o meu pensamento, que a minha argumentação não está correcta por “A+B”, então à que reconhecer, “enfiar a minha guitarra no saco” e voltar para casa.
Isto sim, faz de mim um português atípico.