As escadas monumentais e as pinturas

Não está em causa o facto da tinta sair ou não com a água. Não está em causa a liberdade de expressão. Está em causa o civismo.

Pintar as escadas monumentais da Universidade de Coimbra não é bem o mesmo que pintar um muro de uma estação de comboios ou uma parede de um prédio abandonado.

Para além demonstrar um oportunismo político gritante – qualquer sitio muito frequentado parece servir para ser pintado com umas palavras de ordem -, está em causa o civismo de quem o praticou, ao usar património da Universidade de Coimbra, candidata a património mundial da UNESCO, para campanha política. E pintam nas monumentais como se fossem outras quaisquer escadas, com meia dúzia de anos, sem nada para contar. E não querem que os estudantes se revoltem.

Comparam a sua acção à da Associação Académica de Coimbra. Não me recordo – sinceramente – de ver qualquer direcção da AAC pintar as escadas. Lembro-me de cartazes, lembro-me de faixas, lembro-me de tripés de madeira com cartazes, até me lembro de labirintos em madeira. Mas não me lembro de pinturas da AAC.

Falam em liberdade de expressão. Será? Então se os senhores deste partido ou de qualquer outro quiserem pintar a parede de minha casa com campanha eleitoral eu sou obrigado a permitir para não atentar contra o direito constitucionalmente consagrado da liberdade de expressão dos senhores?
Para mim é puro abuso de direito pensar que, em nome da liberdade de expressão, se pode pintar campanha eleitoral em qualquer lugar. É a minha opinião, vale o que vale e cada qual tem a sua.

O que os Finlandeses precisam de saber acerca de Portugal

O que os Finlandeses precisam de saber acerca de Portugal.

Portugal: Que futuro

 

Vamos ser directos e honestos.

A União Europeia não estava preparada para uma crise. Nunca ninguém propôs ou decidiu antecipadamente mecanismos para responder a uma crise desta natureza. E reagiram tarde a esta situação. E enquanto não reagiam, prejudicavam todos os cidadãos europeus, especialmente gregos, irlandeses, portugueses e espanhóis, os mais visados pela especulação, porque a verdade é que, como as normas europeias estavam até à pouco tempo, o Banco Central Europeu (BCE) emprestava dinheiro a juros baixos àqueles que depois iam emprestar aos países a juros elevadíssimos e nem autorização tinha para comprar divida pública. Isto é, o BCE era mais um entrave e não a solução. Felizmente isso foi alterado. Mas tarde.
Quem criou a Moeda Única (EURO), não teve em conta os violentos ataques que esta iria sofrer e, face à crescente valorização da mesma sobre o dólar americano, criou-se a ideia de que a união monetária era fortissíma e inabalável. Esta crise vem demonstrar que essa ideia estava assente em, metaforicamente falando, “pauzinhos de esparguete”,  que quebraram logo no primeiro “abanão” com a Grécia e depois com a Irlanda, e já Portugal estava a sofrer a mesma pressão da especulação e as instituições europeias não se tinham organizado, de forma objectiva, efectiva e forte, para defender o EURO.

A nível nacional as coisas não foram melhor tratadas. O Governo contou só meia verdade aos portugueses. O Governo não contou que qualquer plano, fosse qual fosse o partido a aprova-lo, podia não ser suficiente pois o mercado e a especulação não são constantes, muito menos estáveis. E pressionam qualquer Estado de várias formas. E com mais pressão, mais medidas.
Mas desiludam-se aqueles que dizem que com o PSD seria diferente. Para isso basta pensarem que, numa Europa a 27, 24 países são governados por países de direita, maioria da Partido Popular Europeu (PPE), o partido do qual faz parte o PSD. E, se bem se lembram, foi a Europa – que, reforço, maioritariamente da mesma família política do PSD e da Sra Merckel – que impôs severas medidas aos Estados Membros em geral, e particularmente aos países do EURO. E, mesmo assim, o PSD vetou o PEC que tinha sido exigido e aplaudido pela sua família politica europeia, para a seguir ir a Bruxelas dizer “nós vetamos, mas se formos Governo vamos aplica-lo”. Mais: o mesmo PSD dirigiu-se ao mercado dizendo que este PEC pecava por não ir mais longe. Mais longe foi entendido por todos os analistas como mais austero, mais penalizador para os portugueses e mais vantajoso para os mercados, a quem essa comunicação se dirigia. A adicionar a isso, ainda hoje Miguel Relvas disse que “o Governo não faz mais que a sua obrigação (…), não há acordo nenhum (…) o Governo tem de assumir as suas responsabilidades”. Ou seja, não há interesse no representante em Portugal do PPE de assumir o consenso e os compromissos que o PPE pediu ao país.

Uma nota pessoal: Miguel Relvas disse “ninguém dá nada a ninguém, Portugal vai ter de pagar todos os empréstimos, esse tempo [dos subsídios] já lá vai”. Curiosamente era o PSD que estava no Governo, Cavaco Silva era primeiro ministro durante quase todo esse tempo, e é quase unânime (os sociais democratas com certeza defenderão a honra do país) que foram pessimamente aplicados.

CDS, PCP, PEV e BE numa coisa têm razão: não é com mais austeridade que melhoramos a economia. É tão simples como 1+1 serem 2, matematicamente falando. Se o Estado aumenta os impostos, famílias e empresas ficam com menos. Tendo menos, vão consumir menos e as empresas, consequentemente, vão facturar menos e passar também dificuldades. Ao passarem por dificuldades, não vão ter forma de manter funcionários, muitas vão ter de fechar, o que vai acarretar mais desemprego e mais despesa para o Estado com subsídios de desemprego entre outras medidas sociais. Veja-se, por exemplo, a opinião do Nobel da Economia que afirmou que neste momento é necessário resolver primeiro os problemas das pessoas – isto é, aumentar o défice para ajudar quem precisa -, para depois então preocupar-se com o défice. A este respeito, sugiro também a leitura do “Manifesto dos Economistas Aterrorizados“, escrito por um conjunto de economistas franceses, que desmistifica algumas das mentiras que os vários Governos Europeus proclamam aos cidadãos.
Mas CDS, PCP, PEV e BE acenam aos portugueses com, na sua maioria, medidas populistas e demagógicas. Sabem bem os membros destes partidos que maioria das medidas que anunciam não são exequíveis, não se podem executar no país, muito menos neste momento de crise.

Não sou particular fã de Rui Rio, mas revejo-me nas declarações do mesmo quando, há cerca de dois anos, por altura das eleições legislativas, disse que este sistema estava desacreditado e descredibilizado junto dos portugueses. Isto é, que os portugueses não acreditam nos partidos e nos políticos, de um modo geral.  E, reforçou, seria necessário termos a coragem e a determinação para mudar os sistema. Não me interpretem mal. Não defendo uma ditadura para Portugal. Mas acho, à semelhança de Rui Rio, que algo tem que mudar drasticamente para que os portugueses passem a acreditar nos políticos. E, para mim, tem de começar por uma renovação. Desde pequeno que me lembro das mesmas pessoas na política. Sempre as mesmas pessoas, sempre as mesmas caras, em várias crises. As pessoas estão fartas. Até Pedro Passos Coelho, que, como ele diz, nunca foi do Governo, já está à muitos anos na politica. Foi presidente da Juventude Social Democrata (JSD) quando Cavaco era primeiro ministro e presidente do PSD e, segundo conta a comunicação social, a relação nunca foi muito pacífica. Cavaco nunca foi “grande amigo” de Pedro Passos Coelho.

Com isto quero terminar esta minha opinião dizendo que dia 5 de Junho devemos todos ir votar. Todos. Não sou partidário do voto em branco. Mas se tiver que ser – face até ao que acima escrevi – que seja. Mais vale votar em branco do que não ir votar. Temos de mostrar aos políticos que os Portugueses estão revoltados mas interessados em que o nosso país melhore, que se ultrapasse esta crise e que Portugal não morra, antes vença e ultrapasse esta crise. E isso faz-se votando. E, já agora, uma nota a quem gosta de fazer desenhos nos boletins de voto: os votos nulos (que é no que resulta esses “desenhos”) vale “zero”. Institucionalmente um voto nulo nem é considerado, pois trata-se de um desrespeito por um dever cívico. Apelo a todos aqueles que, se não sabem em quem votar, lhes der uma enorme vontade de usar os seus dotes artísticos, entreguem o boletim em branco e usem os seus dotes artísticos cá fora. Uma larga quantidade de votos em branco obriga os partidos a reflectir, pois constituem um grupo de eleitores que não acredita em nenhum dos projectos propostos. Uma série de votos nulos dá a ideia que não levamos a sério os momentos eleitorais. Se nós queremos que os partidos nos levem a sério e se empenhem em nos representar devidamente, devemos dar o exemplo.

A estratégia de Passos Coelho

 

Tendo ouvido já algumas vezes a expressão “projecto a 8 anos” da boca de Pedro Passos Coelho, acho que está mais a descoberto a sua estratégia.

Passos Coelho fala em projecto a 8 anos, fala que não receia governar com o FMI, manda vetar na Assembleia da República um Plano de Estabilidade e Crescimento para fazer cair o Governo e depois garante em Bruxelas junto da sua família politica europeia que vai cumprir os objectivos do Plano que mandou chumbar em Portugal.

Parece-me claro, a mim, mero cidadão, que Pedro Passos Coelho ensaia o assalto ao poder, para Governar com o FMI e, daqui a 4 anos, ensaiar novo mandato com a justificação de que no mandato anterior a culpa foi do FMI e agora é que vai ser.

Interesse em Portugal? Isso é secundário. O que interessa agora é chegar ao poder e agradar à Sra Merkel. Depois logo se pensa no país, se houver tempo para isso.

Passos Coelho e o IVA em 2010 e em 2011 (CM)

“Os impostos indirectos tratam todos pela mesma medida, tanto pobres como ricos, razão porque são, nesse aspecto, mais injustos. É essa, aliás, a razão porque eu nunca concordei em taxar cada vez mais os impostos indirectos, nomeadamente o IVA. Ele vale 20% para quem tem muito como para quem tem pouco”.

 

Pedro Passos Coelho, no livro “Mudar”, editado em 2010.

 

 

“Se ainda vier a ser necessário algum ajustamento, a minha garantia é de que seria canalizado para os impostos sobre o consumo, e não para impostos sobre o rendimento das pessoas”.

 

Pedro Passos Coelho, hoje, em Bruxelas.

In http://comunidade.xl.pt/JNegocios/blogs/massamonetaria/archive/2011/03/24/passos-coelho-e-o-iva-em-2010-e-em-2011.aspx

O país em que vivemos

 

O principal problema deste país é que os trabalhadores não ganham por objectivos, em função do que produzem, em função do que realmente merecem.
Temos muita gente a ganhar “por antiguidade” ou “por cunha”, sem fazer nada por merecer o que auferem, quando há recém licenciados, muito mais aptos a fazer o mesmo trabalho e com uma produtividade muito muito elevada.

E perguntam vocês: “então porque não substituem esses que nada fazem pelos novos que estão no desemprego, se são melhores?” Por causa das leis de protecção ao emprego. Parece um contra-senso, não? Mas como se resolve isso? Mudando a lei, para maior flexibilidade da contratação. Mas o que é que os sindicatos, formados maioritariamente por pessoas que já lá estão há 20 ou 30 anos dizem? “Isso facilita os despedimentos”. É verdade. Mas tal como nós nos desfazemos dos “monstros” quando estão a mais nas nossas casas, as empresas querem desfazer-se dos “monos” e empregar quem realmente é capaz e não podem. Enquanto isso há gente a ganhar ordenados altíssimos sem nada fazer, enquanto há imensos no desemprego desejosos por poder fazer algo para ganhar nem que seja metade.

Outro contra-senso: alguém que realmente quer trabalhar e precisa mesmo de trabalhar, não pode impor condições. Não pode dizer “só vou trabalhar se aparecer algo nesta área”. Conheço muita gente com cursos superiores que foi trabalhando noutras áreas (call centers, lojas, cafés, bares, etc) até arranjar na sua área! E conseguiram. Mas trabalharam noutras áreas até conseguir e, em muitos casos, foi o facto de trabalharem que os fez conseguir o emprego na área que queriam.
Em Portugal muita gente quer emprego, mas não trabalho. Muita gente quer ter subsídios, sem nunca terem descontado o suficiente para isso. A sorte é que em Portugal, existe um sistema de segurança social em que a população activa paga para todos os subsídios, para todos os outros. Se existisse um sistema de reserva, em que se recebesse consoante se descontasse, muita gente recebia zero! Portugal é o país onde – espantem-se – o subsidio de desemprego é, em média, um dos mais altos. Ainda há uns dias ouvia um amigo que já teve um café dizer que muitas pequenas empresas não podem contratar muitos funcionários, pois no nosso país um funcionário trabalha 11 meses do ano e recebe 14! Na maioria dos países europeus,  ganham 12!

Para que fique claro, eu não sou de direita. Mas chateia-me que a esquerda parlamentar portuguesa venha encher os ouvidos dos portugueses com falsos moralismos, com falsas e vazias propostas, que sabem que são demagógicas, inconsequentes e não concretizáveis.
Mais apoio social, mais apoio na saúde, mais apoio aos desprotegidos, mais, mais, mais, mais! Claro! E arranjamos dinheiro onde se eles dizem que temos de dar mais apoio aos que não têm emprego e retirar carga fiscal aos que têm? Têm alguma fórmula mágica? Eu sei que já não tenho matemática na escola à muitos anos, mas continuo a achar que se eu tirar de um lado, ele não “nasce” no outro.

E não é de agora, com este Governo de centro-esquerda, que andam a falhar “nas contas”. Já houve muita conta falhada com o Sr. Prof. Cavaco Silva (e o seu “gang”, muitos deles agora suspeitos no caso BPN, que vamos ver como termina), com o Sr. António Guterres (o Governo mais esquerdista que tivemos ate aqui, que caiu no populismo de dar tudo e mais alguma coisa, num Estado que pouco tinha para dar), com o Sr. José Manuel Durão Barroso (que assim que teve oportunidade, foi-se embora; se bem se lembram, os primeiros cortes brutais foi com este Sr. como primeiro ministro e a Sra Manuela Ferreira Leite como Ministra das Finanças) e o seu “comparsa” Pedro Santana Lopes (que segundo conta a comunicação social – vale o que vale -, nomeou mais assessores em 6 meses que o seu colega de partido em 2 anos). O Sr. José Sócrates começou muito bem, a meu ver ( também vale o que vale a minha opinião ), com limitações de mandatos, limitações de vencimentos (politicos que recebiam vários ordenados por terem várias funções viram-se limitados a um dos vencimentos), limitações de acumulação de vencimentos com pensões, etc, etc. Mas cedo (2 anos após), viu que se fosse por aquele caminho perderia as eleições seguintes. Então o dever patriótico passou interesse politico e  lá se foi a nobreza da governação socialista.

Para terminar, uma mensagem à comunidade: se acham que estes governantes governam mal, na próxima vez, levantem o rabo da cadeira ou do sofá no domingo e vão votar!