Final da Liga Europeia de Hóquei SLB vs FCP

Dizer que o Benfica desta vez foi longe demais na rivalidade clubística é puro eufemismo. O Benfica recusa-se a jogar hoje uma final histórica para o hóquei em patins nacional, uma vez que, pela primeira vez, na final da Liga Europeia da modalidade (equivalente à liga dos campeões no futebol) estão duas equipas portuguesas.

Os encarnados alegam falta de segurança e a não disponibilização de mais bilhetes para os adeptos encarnados como razão para esta decisão.

Posso concordar em parte com a questão da segurança. Houve, de facto, intimidação por parte de adeptos portistas, aos adeptos encarnados antes do jogo que opôs o Benfica e o Barcelona, tendo a policia intervido para acalmar as hostes. Todos sabemos que, em qualquer modalidade, há sempre rivalidade entre os dois clubes e que, nenhuma das claques e/ou “lados” é inocente. Seria ingénuo pensar-se que “A” ou “B” só foram vitimas ou “intimidadores” neste caso. Mas sendo em casa do FC Porto e a bem do marco histórico que esta final representa na história do hóquei em patins português, creio que a direcção do clube deveria tentar evitar estes conflitos, abordando a PSP e segurança privada no sentido de estarem mais atentos, pese embora o facto de, apesar de ser no Dragão Caixa, o evento seja organizado por um Comité Europeu, o CERH.

Não posso, no entanto, compreender como aceitável o argumento dos bilhetes. Ainda ontem, durante a exibição dos jogos das semi-finais, os comentadores RTP referiam o modelo que a organização definiu para venda de bilhetes, vendendo para algumas bancadas bilhetes para cada jogo individualmente e, para (creio uma) outra, packs para 3 jogos (as duas semi-finais e a final), consideravelmente mais baratas, justificando assim uma bancada mais repleta do que outras. Ora se este modelo estava já estabelecido à partida, porque vem, só agora, o Benfica contestá-lo? Porque é que, só agora, só depois de saber que a final é contra o FC Porto, vem contestar a atribuição de bilhetes? Se contestou antes, onde está esse protesto? Será que se o outro finalista fosse o Valdagno haveria este protesto?
São perguntas para as quais nunca teremos respostas. Estas coisas das rivalidades clubísticas, são assim. Só é contada a parte que interessa a quem se queixa, seja Benfica, Porto, Sporting, etc.

Na minha opinião, o Benfica devia deixar estas rivalidades para outros campos e não marcar esta final (até aqui) única, lusa, do hóquei em patins europeu com uma “birra” que ultrapassa a rivalidade desportiva normal, e que nem devia existir nas competições nacionais, quanto mais nas internacionais. E o Porto devia juntar esforços ao comité europeu, à PSP e ao próprio Benfica para melhorar as condições de segurança no Dragão Caixa e nas zonas circundantes ao mesmo, para que esta final seja – se o Benfica voltar atrás – recordada apenas como uma emocionante final europeia de hóquei em patins.

Ontem, como orgulhoso português que sou, vibrei com a vitória do Benfica ao Barcelona, tal como quando o Porto venceu o Valdagno.  Hoje sinto-me envergonhado pela imagem que o Benfica se prepara para dar à Europa do hóquei português. Espero que os responsáveis encarnados (porque a equipa técnica ontem mostrava-se animada com a final, assim como jogadores, por isso não partiu deles) tenham consciência e voltem atrás na sua decisão.

Recuar para não errar não é sinal de fraqueza, é sinal de inteligência.